27 de janeiro de 2012

"Era o Último dia de Férias"


Aqui vai a continuação do "Era o último dia de férias"... Bem, não sou boa em organização,por isso não separei em capítulos nem nada. Se quiser ver o texto anterior para ter uma ideia de como tudo começou, clique aqui. Vamos ao texto?

"O resto foi sem muitas complicações, a não ser quando fomos para Paris e Manuela, que jurava que tinha um francês básico, não conseguia entender uma palavra ou ler uma placa para que nós finalmente chegassemos ao hotel. Eu a conhecia apenas por oito meses mas era como se nos conhecessemos por anos. A conheci quando ela era a suposta paquerinha de Rafael. Eles acabaram virando amigos. É claro que quem é amigo do Rafa, é meu amigo também. Como ela era nova, eu me oferecia para ajudar na matéria que ela tinha dificuldade, e aproveitava para falar bem do meu amigo (ele chegou a me implorar) para que ela percebesse que eles eram “perfeitos um para o outro”. Foi quando descobri que Manoela não queria nada com ele, e sim com o capitão do time de futebol da escola, Marco. Bom, mas ela acabou se desapontando. A essa altura, Rafael nem queria mais saber dela, foi então que nos tornamos melhores amigas. E logo depois ela começou a falar com o Rafa, e nós viramos um “trio dinâmico”. Não acredito muito nesse negócio de ter uma melhor amiga desde pequena. Aliás, acredito, mas reconheço que é muito difícil achar uma amizade assim. Eu não achei. Minha melhor amiga não é alguem que sou amiga desde a pré-escola e que cresceu comigo. Meu melhor amigo é uma pessoa que me conhece a tempos, mas somos amigos a alguns anos, porque antes dissso, nós apenas nos conheciamos e não éramos amigos. Só ano passado ele virou meu melhor amigo. Essas coisas levam tempo. De uma coisas eu sei, amizade verdadeiras acontecem sem querer, com quem você menos espera.
Apesar do nosso fracasso com o francês, um cara no hotel era brasileiro, e nos ensinou umas expressões e nos ajudava sempre que podia. Foi facinante ver neve ao vivo pela primeira vez. Pareciamos crianças brincando de guerra de neve, fazendo anjinhos de neve. A pessoas de lá são tão sérias e quando paravam e nos observavam, sorriam brevemente, talvez achando engraçado três adolescentes misturados com um monte de neve e crianças de três e quatro anos, e continuavam a fazer o que estavam fazendo antes. Foi um momento bobo, mas inesquecível. Eu percebia os pequenos detalhes, como a pele branca de Rafael ficando avermelhada por causa do frio, e seus cabelos loiros ficando quase brancos por causa da neve. Via os cachos de Manuela se confundindo com os de uma criança que caia em cima dela, um preto azulado tão lindo e natural. Via um garoto nos observando de longe. Será que ele estava achando divertido o que estavamos fazendo? Ou pensando que éramos só pessoas retardadas que haviam sido abandonadas e não tinham tomado conciencia disso? Nunca vou saber.
Sempre fui atenta aos detalhes. É uma coisa incontrolável. Isso meio que mudou a uns 3 anos, quando descobri que tinha miopia e que todos os detalhes que eu enxergava não passavam de borrões, e que na verdade aquelas coisas bonitas que eu via de longe como o por-do-sol ou o luar do comecinho da tarde eram ainda mais bonitas. É isso que me irrita em ter que usar óculos, apesar de eu me odiar de óculos, eu preciso deles. "

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