22 de dezembro de 2012

Nunca pare de correr!



Oooi gente! Lembram do texto que eu havia escrito sobre minha primeira maratona? Bom, aqui está a segunda parte! Espero que gostem. Aproveitando, queria deixar de nota que tudo isso me ensinou que nunca devemos parar, mesmo em passos pequenos. Porque com um passo atrás do outro, a gente sempre consegue, não importa a velocidade!

 Mulheres correndo, correndo em um ritmo constante e irritantemente rápido. À medida que todas as minhas amigas fugiam de vista, me sentia uma tartaruga - como naquele conto da Tartaruga e da Lebre. Mas no final, é a tartaruga que ganha, não é mesmo? Pena que sou gente, e não tartaruga.
  Alguns metros á diante senti uma imensa falta de ar e resolvi caminhar. Essa não! Havia esquecido de tomar a bombinha para bronquite. "Tudo bem, tudo bem", eu repetia a mim mesma, tentando me acalmar. Afinal, eu não tenho asma. A música no meu celular, gritando "Teenage Dream" me fazia correr cada vez mais rápido. Então eu me cansava e voltava a caminhar.
  O cansaço começava a tomar conta de mim. A falta de ar também. Mas ver milhares de mulheres correndo com todo o gás me motivava a manter o ritmo, mesmo morrendo, não poderia passar essa vergonha. E, enfim, vejo a placa "Parabéns, você correu 1 km".
  UM QUILÔMETRO? SÓ?! Tudo bem, faltam quatro. Só quatro. Começo a me distrair com a música e a cantar, sem me importar com os outros à minha volta. E então, vejo uma ambulância. Eu estava sem fôlego, deveria parar ali para ver se tinham alguma bombinha? Não, por que teriam? E outra, se eu voltasse para casa de ambulância, minha mãe nunca mais me deixaria correr uma maratona.
  "É melhor parar", pensei, e então comecei a andar rápido. Tento me distrair com a cidade, que parece totalmente diferente. Passo por algumas mulheres distribuindo água Crystal, pego uma desesperadamente e bebo, tentando não parar de jeito nenhum, mesmo que para isso eu tenha de me molhar inteira. Começo a avistar a próxima placa. Já estou no terceiro quilômetro. Um grupo de jovens senhoras se agrupa para tirar uma foto perto da placa e, ao mesmo tempo, vibram de felicidade. Ufa, ao menos cheguei viva ao terceiro quilômetro!
  Começo a ficar realmente cansada e diminuo o ritmo até quase rastejar pelas ruas. Vejo homens de peruca, mulheres altas, baixas, senhoras e até mesmo gordinhas, correndo como se tivessem começado agora. É quando volto a correr, um tanto devagar, confesso. "Mas pelo menos estou correndo!", justifico á mim mesma.
  Vejo sombras de pessoas se aproximando e correndo em minha direção, e desvio tentando não atrapalhar o percurso alheio. É quando uma senhora oriental extremamente baixa passa a milhão, com um pequeno e marrom chihuahua que late sem parar e é arrastado por ela, sem nenhuma piedade do pobre cãozinho. A senhora passa a mil por mil, com direito a ventinho. Tento acompanhá-la mas logo me canso e volto ao meu ritmo. Mais a frente vejo a mulher que levara outra na cadeira de rodas correndo como uma lebre, seus cabelos voando pelo ar e a garota na cadeira de rodas completamente animada e interdita com a situação. Como até a moça de cadeira de rodas me passou? Bom, pelo menos não estou em uma cadeira de rodas. É, as vezes faz bem valorizar o que se tem, né? Mesmo envergonhada, sou obrigada a admitir que o fato de elas estarem na minha frente (incluindo a senhora e o chihuahua) é motivo de admiração.
  Fico olhando toda hora para trás, conferindo se não fiquei em último. Mas uma multidão interminável está atrás de mim, o que acaba me confortando temporariamente. E quando me dou conta, reencontro minha amiga doente. "Vamos caminhar até o final, faltam menos de dois quilômetros!", ordena ela ofegante e animada, mesmo estando doente.
  E quando finalmente avistamos a linha de chegada e alguns jornalistas registrando o evento, decidimos correr freneticamente, só para sair bem nas fotos. As pessoas em volta da pista gritam "Parabéns!", "Você conseguiu!", "Continuem, já está no final!". Quando ouço um grito de um homem desconhecido direcionado para minha amiga e eu: "Vai Mariane, vai Carmem! Não parem de correr". Ela cai em gargalhadas enquanto eu me dou conta que ainda estou usando a plaquinha com o nome Carmem. E cruzamos a linha de chegada. Ufa!

- Ufa, Carmem - diz minha amiga, ainda ofegante, apesar de sua frase ter sido uma tentativa de piada - nós conseguimos!

Nenhum comentário: